Notícias e Mídia
-
Duque, como todos que têm culpa, ficou calado na CPI
19/03/2015Ex-diretor da estatal só reagiu quando parlamentares ameaçaram convocar a mulher dele. Ele disse que vai provar a origem dos bens apreendidos.
Frustração na CPI da Petrobras: o ex-diretor da estatal Renato Duque entrou mudo e saiu quase calado. Depois de quase cinco horas de depoimento, mantendo o silêncio, só reagiu quando os parlamentares ameaçaram convocar a mulher dele. Duque foi enigmático: disse que existe hora de falar e hora de calar.
Orientado pelo advogado: quanto menos ele falar, menos chances tem de produzir provas contra ele mesmo. O ex-diretor da Petrobras já foi denunciado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. Ele negou que conhece o doleiro Alberto Yousseff e disse que vai provar a origem dos bens apreendidos pela Polícia Federal.
Renato Duque chegou de volta à sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, por volta de 19h. Em Brasília, na Câmara dos Deputados, foram quase cinco horas de um depoimento sem respostas. “Não posso dizer que é um prazer estar aqui, mas é minha obrigação e como cidadão, estou presente. Estou exercendo, com todo o respeito a esta casa, o meu direito constitucional ao silêncio”, afirmou.
Os parlamentares bem que tentaram. “Esse silêncio, na minha visão, incrimina ainda mais vossa senhoria, porque não colabora minimamente e não ajuda”, disse o deputado Chico Alencar, líder do Psol.
Não teve jeito. “Não pensei que fosse tão difícil ficar calado, mas por orientação da minha defesa exercerei o direito constitucional de ficar calado”, respondeu Duque.
Renato Duque respondeu apenas quando as perguntas envolveram a família. Negou parentesco com o ex-ministro José Dirceu e que o filho tenha trabalhado para empreiteiras acusadas de participar do esquema de corrupção na Petrobras.
Negou também que a esposa tenha pedido ajuda ao ex-presidente Lula e ao ex-presidente do Sebrae, Paulo Okamato, quando o ex-diretor foi preso pela primeira vez, em novembro do ano passado. Duque falou ainda que não conhece o doleiro Alberto Youssef.
Para os integrantes da CPI da Petrobras, a ida de Duque não deu em nada. “Na verdade, todo esse esforço infelizmente não deu o resultado esperado com novidades e respostas por parte do senhor Renato Duque”, disse o presidente da CPI, deputado Hugo Mota.
O ex-diretor da Petrobras é acusado de negociar propina para o PT. Segundo delatores, ele recebia os pagamentos de empreiteiras que queriam fechar contratos com a empresa. A propina variava entre 1% e 2% do valor do contrato assinado. Parte do dinheiro era entregue ao partido. De acordo com a Polícia Federal, Duque convertia alguns valores que ficavam com ele em obras de arte.
Na casa do ex-diretor, a Polícia Federal apreendeu 131 telas de artistas como Djanira, Heitor dos Prazeres, Yara Tupynambá e até do espanhol Juan Miró. Nem mesmo sobre as obras de arte Renato Duque quis falar aos deputados da CPI. “Por que o senhor guardou em um porão com ar condicionado obras de arte tão preciosas, tão milionárias? São o mecanismo mais adequado e propício para quem comete lavagem de dinheiro recorrer”, disse a deputada Eliziane Gama, do PPS.
Ao longo da Operação Lava Jato já foram apreendidas 203 obras de arte. Segundo a Polícia Federal, o mercado de luxo no Brasil, que inclui galerias e marchands, tem cerca de sete mil empresas. Só 300 tem cadastro no Coaf - Conselho de Controle de Atividades Financeiras, que recebe denúncias de operações suspeitas. Por isso é um mercado propenso à lavagem de dinheiro.
“As empresas que trabalham com o mercado de alto luxo elas ainda não aderiram plenamente as regras de prevenção e repressão a lavagem de dinheiro, do sistema brasileiro”, ressalta o delegado da Polícia Federal Áderson Vieira Leite.
A Polícia federal vai entregar oficialmente as 139 obras apreendidas na décima fase da Operação Lava Jato, ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. A polícia não tem estimativa do valor das obras, que vão passar por perícia para confirmar a autenticidade. O museu deve expor algumas peças em abril.(Bom Dia Brasil - globo.com)Renato Duque era o queridinho da Petrobrás. Recebeu legalmente R$ 1,1 milhão em 2010 e R$ 2,18 milhões em 2011. Dinheiro oficial, fora o que roubou! Que Duque é bandido, que participou de esquema criminoso, não há dúvida nenhuma! Tenho 12 CPIs na minha história parlamentar. Todos os traficantes, doleiros, assaltantes e corruptos que se negaram a responder perguntas eram bandidos. Todos! Sem exceção!
Voltar